sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Guerra do "Contestado" Paraná e Santa Catarina

Para entender-se bem a Guerra Sertaneja do Contestado, é preciso voltar um pouco no tempo e resgatar o valor da figura de três monges da região. O primeiro monge que galgou fama foi João Maria, um homem de origem italiana, que peregrinou pregando e atendendo doentes de 1844 a 1870. Fazia questão de viver uma vida extremamente humilde, e sua ética e forma de viver arrebanhou milhares de crentes, reforçando o messianismo coletivo. Sublinhe-se, porém, que não exerceu influência direta nos acontecimentos da Guerra do Contestado que ocorreria posteriormente. João Maria morreu em 1870, em Sorocaba, Estado de São Paulo. O segundo monge também adotou o codinome (alcunha) de João Maria, mas seu verdadeiro nome era Atanás Marcaf, provavelmente de origem síria. Aparece publicamente com a Revolução Federalista de 1893, partidário dos maragatos, mostrando uma postura firme e uma posição messiânica. Chegou, inclusive, a fazer previsões sobre os fatos políticos da sua época. Atuava na região entre os rios Iguaçu e Uruguai. É de destacar a sua influência inquestionável sobre os crentes, a ponto de estes esperarem a sua volta através da ressurreição, após seu desaparecimento em 1908. As entrelinhas do que estava por vir estavam se amarrando entre si. A espera dos fiéis acaba em 1912, quando apareceu publicamente a figura do terceiro monge. Este era conhecido inicialmente como um curandeiro de ervas, tendo se apresentado com o nome de José Maria de Santo Agostinho, ainda que, de acordo com um laudo da polícia da Vila de Palmas, Estado do Paraná, ele fosse, na verdade, um soldado desertor condenado por estupro, de nome Miguel Lucena de Boaventura. Como ninguém conhecia ao certo a sua origem, como aparentava uma vida reta e honesta, não lhe foi difícil granjear em pouco tempo a admiração e a confiança do povo. Um dos fatos que lhe granjearam fama foi a presunção de ter ressuscitado uma jovem (provavelmente apenas vítima de catalepsia patológica). Teria também curado a esposa do coronel Francisco de Almeida, vítima de uma doença incurável. Com este episódio, o monge ganha ainda mais fama e credibilidade ao rejeitar terras e uma grande quantidade de ouro que o coronel, agradecido, lhe queria oferecer.
A partir daí, José Maria passa a ser considerado santo: um homem que veio à terra apenas para curar e tratar os doentes e necessitados. Metódico e organizado, estava muito longe do perfil dos curandeiros vulgares. Sabia ler e escrever e anotava em seus cadernos as propriedades medicinais das plantas encontradas na região. Com o consentimento do coronel Almeida, montou no rancho de um dos capatazes o que chamou de farmácia do povo, onde fazia o depósito de ervas medicinais que utilizava no atendimento diário, até horas tardias da noite, a quem quer que o visitasse.
Estatísticas do Confronto
Área conflagrada: 20.000 km²
População da época envolvida na área de conflito: aproximadamente 40.000 habitantes
Municípios do Paraná, na época: Rio Negro, Itaiópolis, Timbó, Três Barras, União da Vitória e Palmas
Municípios de Santa Catarina, na época: Lages, Curitibanos, Campos Novos e Canoinhas

Mais dados importantes
Início da Guerra: outubro de 1912
Tempo da Guerra: 46 meses (out/1912 a ago/1916)
Auge da Guerra: Março-abril de 1915, em Santa Maria, na Serra do Espigão
Final da Guerra: Agosto de 1916, com a captura de Adeodato, o último líder do Contestado
Combatentes militares no auge da Guerra: 8.000 homens, sendo 7.000 soldados do Exército Brasileiro, do Regimento de Segurança do Paraná, do Regimento de Segurança de Santa Catarina, mais 1.000 civis contratados.
Exército Encantado de São Sebastião: 10.000 combatentes envolvidos durante a Guerra.
Baixas nos efetivos legalistas militares e civis: de 800 a 1.000, entre mortos, feridos e desertores
Baixas na população civil revoltada: de 5.000 a 8.000, entre mortos, feridos e desaparecidos
Custo da Guerra para a União: cerca de 3.000:000$000, mais soldados militares
A Guerra do Contestado durou mais tempo e produziu mais mortes que a Guerra de Canudos, outro conflito semelhante em terras do Brasil.
Em cinco anos de guerra, 9 mil casas foram queimadas e 20 mil pessoas mortas.

[editar] Algumas Conseqüências Imediatas
20/10/1916: Assinatura do Acordo de Limites Paraná-Santa Catarina, no Rio de Janeiro;
07/11/1916: Manifestações nos municípios do Contestado-Paranaense contra o acordo;
De maio a agosto de 1917: Sublevação popular no Contestado-Paranaense, pró Estado das Missões;
Maio e junho de 1917: Ascensão e assassinato do monge Jesus Nazareno;
03/08/1917: Homologação final do Acordo de Limites;
Setembro de 1917: Instalação dos municípios de Mafra, Cruzeiro e de Porto União;
1918: Reinício da colonização no Centro-Oeste Catarinense, por empresas particulares;
Janeiro e maio de 1920: Revolta política em Erval e Cruzeiro;
Março de 1921: Revolta de caboclos contra medição de terras, entre Catanduvas e Capinzal..

Um comentário:

Anônimo disse...

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Ate a vista