terça-feira, 28 de agosto de 2007

Waldemar Niclevicz

Embora eu tenha nascido em Foz do Iguaçu, bem longe das montanhas, acabei me tornando um alpinista de uma maneira natural.
Até os meus doze anos vivia com os pés no chão, subia em árvores, brincava na barranca dos rios e saía sempre para pescar e caçar com o meu pai.
Mudamos então para Curitiba, eu perdi minha floresta, meus rios, mas logo descobri um novo paraíso, a Serra do Mar do Paraná. Comecei a caminhar, a acampar e, aos poucos, ter as primeiras noções do que é o montanhismo.
Com 18 anos eu me mudei para a região de Itatiaia, onde morei por três anos. Foi lá que vim a aprender a usar o equipamento técnico, como cordas e mosquetões. Nesta mesma época, 1985, eu realizei minha primeira grande aventura: uma viagem através da Bolívia e Peru, com o desejo de fazer o Caminho Inca a Machu Picchu. Foi uma viagem decisiva para a minha vida, respirei pela primeira vez o ar rarefeito das altas montanhas, pisei pela primeira vez na neve, apaixonei-me pela cultura e pelo povo andino.
Não parei mais de viajar. Mas para viver viajando era preciso dinheiro, assim comecei a trabalhar numa pequena fábrica de mochilas em Curitiba e, nos fim de semana, guiava grupos de turistas para as montanhas e para as cavernas, nessas alturas, 1987, já havia feito cursos de Alpinismo e de Espeleologia, e estava preste a me formar em Turismo pela Universidade Federal do Paraná. Meu trabalho não me dava muito dinheiro, mas sim entusiasmo suficiente para juntar um pouco mais do que cem dólares e viajar um mês pela Cordilheira dos Andes (haja espírito de aventura, e isso nunca me faltou). E foi assim, dormindo em banco de praças, viajando de ônibus ou de carona, sempre com uma mochila bem pesada nas costas, que fui buscando as montanhas e me tornando um alpinista. Após a minha primeira grande escalada, a do Aconcágua (Argentina - fevereiro de 1988), outras montanhas foram marcando a minha vida, entre elas o Ojos del Salado (Chile), o Illimani (Bolívia), o Huascaran (Peru), o Chimborazo (Equador), o Matterhorn (Suíça/Itália), o Mont Blanc (França/Itália), o Elbrus (Rússia), o Kilimanjaro (Tanzânia), o Vinson (Antártida), o Mc Kinley (Alasca), o Carstensz (Nova Guiné); o Shisha Pangma (Tibete), o Cho Oyo (Tibete) o Gasherbrum (Paquistão), o Lhotse (Nepal), o El Capitan (USA), a Trango Tower (Paquistão), o Mont Cook (Nova Zelândia), o Totem Pole (Tasmânia), o Gunnbjørns Fjeld (Groenlândia), mas nenhuma dessas montanhas foi tão importante para mim quanto o Everest ou quanto o K2. Hoje posso me considerar um alpinista profissional, pois estou conseguindo realizar belos e importantes projetos em várias montanhas ao redor do mundo. Também venho fazendo muito sucesso realizando palestras motivacionais para empresas.
Moro em Curitiba, vivo nas montanhas, sou feliz.

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