Filho de pais italianos, Alceo Bocchino nasceu no dia 30 de novembro de 1918 em Curitiba, Paraná. Autodidata, começou a tocar piano aos cinco anos: "Roubava a chave do piano e ficava tocando quando todo mundo saía de casa. Um dia levei um tombo da cadeira e só aí descobriram o que eu fazia durante as tardes." (Esquenazi, Rose. O Maestro com toque de classe. Jornal do Brasil, 22/03/1987, Revista de Domingo, p. 18/19.) Certa vez, o pequeno Alceo tomou o instrumento das mãos do professor de violino de seu irmão e tocou sozinho, deixando o mestre maravilhado com seu talento precoce. Estimulado pela família, estudou música com Rosa Lubrano e João Poeck, apresentando, pela primeira vez, aos dezesseis anos, algumas de suas obras em concerto. Paralelo ao seu interesse pela música, Bocchino estudou Direito, formando-se em 1939. Durante as férias da faculdade, convidado pelo seu amigo Wandyck de Freitas, costumava viajar a São Paulo, onde conheceu artistas e intelectuais da época, como Monteiro Lobato, Menotti del Picchia, Antonieta Rudge e Cacilda Becker. Bocchino chegou a exercer a profissão de advogado, mas logo se decepcionou com a "relatividade da justiça". Com essa decisão, voltou-se inteiramente para a carreira de músico.
Em 1941, o cantor italiano Tito Schipa o escolheu para acompanhá-lo em sua turnê pelo Brasil. "Ninguém acreditava que Schipa iria aceitar um acompanhante brasileiro quando viesse tocar no Brasil", lembra o músico. A temporada foi um sucesso. Schipa retornou ao Brasil outras vezes, sempre solicitando Bocchino para acompanhá-lo. " Era o único que conseguia entender o que eu queria sem que eu precisasse pedir", declarou o cantor. Sua rara capacidade de ouvir as entrelinhas da orquestra, captar sons inaudíveis e corrigir detalhes imperceptíveis para os ouvidos comuns, além de sua facilidade de leitura, ganharam fama no meio musical.
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