A poetisa Helena Kolody faleceu em 15/02/2004 na cidade de Curitiba, PR. Filha primogênita de pais ucranianos, nasceu em 12/10/1912 no "sertão paranaense", como dizia. Exerceu duas profissões com carinhosa dedicação: professora de biologia e poeta. Deixou uma obra poética de um lirismo romântico, nos poemas curtos em linguagem simples (sua excelência), a marca de seu humanismo e o brilho de uma inteligência ímpar. Em 1941 lançou seu primeiro livro de poesia: 'Paisagem Interior', no qual encontramos, pela primeira vez no Paraná em língua portuguesa, a publicação de seus três primeiros haikais. Destaque para 'Arco-íris', até hoje o mais popular: Arco-íris no céu.Está sorrindo o meninoque há pouco chorou. Em entrevista ela contou que se interessou pelo haikai através do 'Jornal de Letras' e no aprendizado com a haicaísta paulista Fanny Dupré, com quem trocou correspondência e visitas.(No livro 'Pétalas ao Vento', 1949, de Fanny, há haikai dedicado a Helena). Preferiu seguir a forma proposta por Fanny, do que o tão em moda haikai "guilhermino", de Guilherme de Almeida. Helena coloca título nos poemetos, mas raramente usa a rima ou a métrica. Sua produção de haikais é pequena (comparada ao restante da obra), mas têm um estilo bem marcante. Ela também fez primorosos tankas.
Em 1993, a comunidade nipônica curitibana, outorgou-lhe o nome haicaísta "Reika" ('perfume da literatura' ou 'renomada fragrância da poesia'). Se para ser haikai o poema precisa ter o "sabor do haikai", pode-se dizer que os de Helena, têm o "aroma de haikai". Helena Kolody, juntamente com Paulo Leminski e Alice Ruiz, teve grande influência na expansão e afirmação do haikai paranaense. Ela não só foi a primeira, foi a que sempre colocou o haikai em seus livros marcando assim a presença do poemeto, independente das ondas e modismos. Trêmula gota de orvalhoPresa na teia de aranha,Rebrilhando como estrela. Festa das Lanternas!Os ipês estão luzindoDe globos cor-de-ouro. Corrida no parque.O menino inválidoaplaude os atletas.
Nas flores do cardo,leve poeira de orvalho.Manhã no deserto. O brilho da lâmpada,no interior da morada,empalidece as estrelas. A morte desgoverna a vida.Hoje sou mais velhaque meu pai.
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