sexta-feira, 14 de setembro de 2007
Vila Capanema - Estádio do Paraná Clube
Vila Capanema é como é conhecido o Estádio Durival Britto e Silva, em Curitiba, Paraná, o único do estado que já abrigou partidas de Copa do Mundo.Desde , os garotos do bairro já batiam bola no terreno que pertencia em parte ao município de Curitiba e ao Governo do Estado. Era um lugar ermo, de difícil acesso, que tinha como ligação apenas o pátio de manobras da Rede. Da rua João Negrão para frente a região era chamada de "Filtro", por causa da estação de tratamento de água, onde se encontra a Sanepar. Não havia ponte sobre o rio Belém e os jogadores do Ferroviário, até 1943, só tinham acesso pelo pátio da Rede. Em reunião da diretoria no escritório da Rede ficou estabelecido que o clube Atlético Ferroviário teria que se responsabilizar integralmente pela obra e que a empresa estatal colaboraria extra oficialmente para a conclusão do projeto. Reinaldo Thá assumiu o compromisso de tocar a obra, enquanto que os dirigentes do clube começaram a gestionar junto aos poderes públicos para que se processasse a doação do imóvel. E foi o que aconteceu: a Prefeitura Municipal de Curitiba e o Governo do Paraná doaram ao Ferroviário a área onde foi edificado o estádio que levou o nome do superintendente da Rede, Durival Britto e Silva. Por isso, quando da ação -- na fusão do Ferroviário com o Britânia e Palestra -- o colorado ganhou em todas as instâncias a batalha judicial travada com a Rede Ferroviária Federal pela posse do estádio. Ele sempre foi do clube e não da Rede. Trabalho Arregaçando as mangas, o empreiteiro Reinaldo Thá tocou o pau na máquina e praticamente confundiu a atividade da empresa que liderava, Irmãos Thá Construções, com as obras do estádio, as quais se iniciaram em 1943. Enquanto seguia o trabalho no estádio, a Prefeitura construía uma ponte sobre o rio Belém, facilitando a passagem pela rua Engenheiro Rebouças, que foi calçada até o a inauguração.O grande gancho usado para receber a doação de material de construção, foi o império do transporte exercido pelas ferrovias naquela época de poucas estradas e dos parcos recursos daquelas que existiam. Quem dependia do transporte ferroviário ajudou da melhor forma, com donativos, pois o grande drama era conseguir maior número de vagões para o transporte da safra de café, erva-mate, madeira, fundição, cal, areia e tudo mais.Um vagão de carga valia ouro e Reinaldo Thá pedia toda ajuda, além de garantir a mão-de-obra que vinha da sua firma. Fornecedores também colaboravam e todas as doações eram feitas em nome do Clube Atlético Ferroviário, sendo que a construtora Irmãos Thá não recebeu um tostão em dinheiro durante os três anos de trabalho. Era tudo na base da permuta, com a construtura recebendo madeira em troca da mão-de-obra. O EstádioCom capacidade para 18 mil espectadores na época da inauguração, o estádio Durival Britto e Silva era moderno e aconchegante, contando com boas instalações para o público, para a imprensa e para prática de diversas modalidades esportivas.Possuía uma concha acústica para apresentação de orquestras e corais, sendo que lá se exibiu no ano da inauguração a orquestra do maestro Xavier Cugat, um dos mitos dourados dos musicais da Metro, em Hollywood.A idéia da concha acústica foi do professor Samuel Chameki, engenheiro da Irmãos Thá que doou o projeto. Construiu-se uma piscina olímpica, pista de atletismo, quadras de basquete, vôlei, ciclismo, enfim, tudo de mais avançado.O estádio de Vila Capanema alcançou enorme sucesso, servindo de palco para os principais acontecimentos esportivos da capital durante cerca de 30 anos Copa do Mundo Quando o Brasil ganhou o direito de sediar a Copa do Mundo de futebol em 1950, a primeira após 12 anos de paralização por causa do grande conflito mundial, a cidade de Curitiba credenciou-se para ser uma das sub-sedes. A Federação Paranaense de futebol ofereceu à CBD - então Confederação Brasileira de Desportos - o belíssimo e recém inaugurado Estádio Durival Brito. A CBD incluiu Curitiba no circuito da Copa, graças à existência do estádio do Ferroviário, e uma comissão de vistoria veio até a cidade para analisar o estádio da Vila. Entre os membros da comissão encontrava-se o paranaense Mozart Giorgio, nascido na zona do Tigre e torcedor do Britânia, que prestava serviços na CBD. O estádio foi aprovado por unanimidade e, no dia 25 de junho de 1950, ficou repleto para o jogo Espanha 3 x 1 Estados Unidos. O segundo jogo da Copa em Curitiba aconteceu no dia 29 de junho: Paraguai 2 x 2 Suécia. O estádio Durival Britto e Silva entrava para a história das grandes praças esportivas do mundo. Inauguração Coube ao presidente do Ferroviário, Lineu Ferreira do Amaral, comandar as festividades que marcaram a inauguração do belo estádio do clube no dia 23 de janeiro de 1947. Do governador Moisés Lupion às mais diversas autoridades e esportivas compareceram à Vila Capanema na noite da inauguração, que teve como atração futebolística o jogo amistoso do Ferroviário com o Fluminense, campeão carioca de 1946, com o qual o Ferroviária mantinha excelente relacionamento.O jogo marcou também a inauguração do sistema de iluminação artificial do estádio e aconteceu numa quinta-feira, com a equipe carioca vencendo por 5 x 1. No Domingo, o segundo jogo no novo estádio: Fluminense 4 x 0 Atlético Paranaense. O rubro-negro, sempre com fortes laços de amizades com o Ferroviário, presenteou o clube irmão com uma placa de bronze comemorando o evento, a qual se encontra cravada abaixo da tribuna de honra do estádio.A entrega do estádio pronto foi a consagração daquele grupo de homens que se entregou de corpo e alma na sua construção. Foi um passo à frente para o futebol paranaense e um marco na história do futebol brasileiro.O estádio pertence ao Paraná Clube, foi inaugurado em 1947 e sediou dois jogos da Copa do Mundo de 1950. Naquela época, era o quarto maior do país, só atrás do Maracanã, Pacaembu e São Januário.
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